The New York Times
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Novos medicamentos contra hepatite C e para o controle de colesterol estão no último estágio de testes clínicos e podem chegar às farmácias em breve. Contudo, analistas avaliam que os efeitos colaterais dos remédios podem reduzir as vendas.
Segundo o laboratório Merck, a droga boceprevir, quando aliada às terapias atuais, curou efetivamente dois terços dos pacientes com hepatite C - índice muito melhor do que o observado com terapias já existentes. A Isis Pharmaeceuticals e a Genzyme afirmaram que o remédio mipomersen diminuiu significativamente o LDL, o chamado colesterol ruim, mesmo tomando as doses máximas toleráveis de estatinas.
A Merck está numa disputa com a Vertex Pharmaceuticals para levar ao mercado a primeira de uma nova classe de drogas contra a hepatite C cuja expectativa é reduzir o tempo e aumentar a eficácia do tratamento - que, atualmente, dura cerca de um ano, com o uso de alfa-interferon e ribavirin, causa severos efeitos colaterais e consegue eliminar o vírus apenas em metade dos casos. O laboratório realizou um teste com 1.907 pacientes que estavam recebendo tratamento para hepatite pela primeira vez, e 66% dos que se submeteram a um regime de 48 semanas que incluiu o boceprevir tiveram uma resposta imunológica sustentada, em comparação com 38% para os que utilizaram a terapia atual e placebos.
Em outra experiência, que envolveu 400 pacientes que já haviam recebido tratamento, 66% dos que receberam o boceprevir por 48 semanas foram efetivamente curados - o triplo da taxa de controle, de 21%. “Este é um perfil atraente para o boceprevir”, salientou Peter Kim, presidente da Merck. Ele afirmou que o laboratório enviará o remédio para aprovação da Food and Drug Administration (o órgão americano de controle de remédios e alimentos) até o final do ano.
Colesterol - A Isis e a Genzyme afirmaram que também buscarão aprovação para seu medicamento contra o colesterol na primeira metade de 2011. Em um teste, pacientes que receberam o mipomersen tiveram em média redução de 36% no LDL depois de 26 semanas - contra um aumento de 13% no grupo que tomou placebo. Em outro estudo, a droga reduziu o LDL em 37%.
Entretanto, mais de 20% dos pacientes nos dois testes abandonaram a pesquisa por causa dos efeitos colaterais. A maior preocupação é que a droga possa causar danos ao fígado. “A eficácia parece boa, mas a segurança permanece um risco chave”, escreveu o analista Geoffrey Meacham, do JP Morgan, em nota aos clientes.
FONTE: Revista Veja (05/08/2010 - 11:04)
Mirna Gois
Mestranda em Ciências Farmacêuticas
Blog Farmácia em Foco