A utilização de animais em pesquisa científica é um tema bem debatido e questionado, tendo duas vertentes: uma defendida por cientistas, pois se trata da evolução da ciência e de benefício humano, e uma outra defendida pela sociedade de proteção dos animais, que afirmam que métodos alternativos são capazes de substituir a utilização desses animais em pesquisa, prática que consideram obsoleta.
Em 2008, depois de 15 anos tramitando no Congresso Nacional, foi aprovada a Lei Arouca, que permite a utilização de animais em pesquisas científicas desde que eles sejam poupados ao máximo de sofrimento.
Entre os dias 26 e 28 de agosto em Águas de Lindóia, São Paulo, aconteceu a 25ª FeSBE, que terminou com uma mensagem clara de que o Brasil precisa mudar sua atitude com relação ao tratamento a esses animais.
Em entrevista concedida a VEJA.com, Marcelo Morales, presidente da Federação Latino Americana de Sociedades de Biofísica e presidente da comissão de ética com animais da UFRJ, falou sobre o uso de animais em pesquisas científicas.
Veja.com: Como está a situação do Brasil na questão da utilização de animais em pesquisas científicas, em comparação com outros países?
M.M: É difícil dizer. Não sabemos quantos biotérios [local onde os animais são acondicionados] existem, quantas instituições fazem pesquisas com animais, quantas comissões de ética existem, e assim por diante. Estamos buscando o que já existe em países desenvolvidos, ou seja, uma fotografia de tudo que está sendo feito com esses animais. [...]
Veja.com: Por que é tão importante utilizar animais em pesquisas científicas?
M.M: A pesquisa científica na área da saúde depende, em grande parte, desses animais. Eu diria com grande certeza que é quase impossível a pesquisa científica na área da saúde acontecer sem a utilização deles. E será quase impossível não utilizarmos animais no futuro. É claro que temos que lutar por métodos alternativos, mas será muito difícil deixar de usar animais. O que podemos fazer é, sempre que possível, reduzir o número de animais e sempre nos preocuparmos com o bem-estar deles. [...]
Veja.com: Qual é a decisão que o pesquisador toma, o que passa na cabeça dele quando ele está sacrificando algum animal? Como isso afeta o trabalho dele?
M.M: É como se eu estivesse fazendo uma cirurgia em uma pessoa. Tenho que verificar todos os parâmetros para que o animal não sofra. Se eu tiver que, ao final da experiência, sacrificar o animal, que o sacrifício desse animal seja humanitário e que ele não sofra também. Além disso a dor no animal ou qualquer tipo de stress pode causar uma série de modificações fisiológicas que interferem nos resultados da pesquisa. Primeiro, o respeito aos animais, como respeitamos os seres humanos, depois, o comprometimento com a pesquisa.
Veja.com: Como vocês tem certeza de que eles não sofrem?
M.M: Por que existem vários parâmetros para nos certificarmos disso. Sabemos pelos mesmos motivos que sabemos que os seres humanos não sofrem. Ou seja, por meio das doses de anestesia e, depois da cirurgia, com analgésicos. Fazemos testes antes de realizar qualquer procedimento, certificamos de que ele está desacordado e não está sentindo dor [...]
Veja.com: E qual é a mensagem que a FeSBE deixa com relação à experimentação animal?
M.M: Agora, o Brasil muda a partir de uma lei. Toda pesquisa animal estará sujeita a lei e será respeitada. A ética existia, mas hoje ela é lei. O Estado brasileiro é responsável pelos animais utilizados em pesquisa científica. Portanto, nós, pesquisadores, temos que zelar pelo bem estar deles.
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O importante é desenvolver a ciência, mas não através de crueldade e maus tratos dos animais!
Mirna Gois
Mestranda em Ciências Farmacêuticas
bloginfarmacia@gmail.com
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